sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Luz & Escuridão

A mente humana não consegue imaginar os estranhos e terríveis mistérios que se escondem no mundo invisível. O homem acha que ele já não tem mais o que pesquisar no espaço que o cerca: ele determinou as distâncias, mediu as temperaturas, analisou a composição das substâncias e, no entanto, os seus instrumentos, onde quer que seja, só encontraram o vazio, o frio e a escuridão...

Para estudarmos o mal, sem o qual nós não podemos aprender a fazer bem, pois não se pode defender-se de um perigo que não se conhece. Justamente é a ignorância que desarma o ser e o leva a derrota. É a ansiedade que destrona o rei, mata o guerreiro, limita o conhecimento, semeia discórdias e desordens por todos os cantos. A ignorância nos faz caminhar contra as forças que governam o Universo.

O poder superior e a perfeição criam seres imperfeitos e os obrigam a elevarem-se até o protoplasma de um arcanjo, através de milhões de mortes, a padecer em função de seus instintos, cujo germe foi concebido junto com eles, e a torturar-se com todos os sofrimentos possíveis da alma e do corpo, até que se atinja a almejada Luz. Mas seria esse o único caminho? Um caminho de dor, torturas e morte? Qual o ser humano que realmente aspira evoluir através dessa agonia infinita? À perfeição, como à bem-aventurança suprema? Vaga promessa de uma felicidade duvidosa! Como se fosse tão desejável alcançar a harmonia, que representa, sob a máscara de imparcialidade e amor à humanidade, nada mais além do que uma profunda indiferença e egoísmo empedernido.
Nós nos insurgimos contra essas leis implacáveis que prometem alegrias remotas e desconhecidas, enquanto sentenciam, de antemão, as infelizes criaturas aos sofrimentos inumanos - elos inquebrantáveis de uma corrente infinita, geradas imperfeitas e escravas do trabalho sem fim, que a ignorância empurra autocraticamente. E com que direito? Sempre se sustentando naquela terrível lei da escravidão do fraco pelo mais forte. O fraco ignorante é sempre esmagado pela roda daquele que sabe governar as leis. A humanidade extenuada chora cônscia de sua ignorância, treme e consome-se: na terra - do medo da morte, sempre a ameaçar como a espada de Dâmocles (“Dionísio, o poderoso Rei de Siracusa, a mais rica cidade da Sicilia (432- 367 a .C), vivia num luxuoso palácio rodeado por guardas e empregados prontos à atender a todas as suas ordens e satisfazer todos os seus desejos. Ele comandava o império com poderes absolutos. Sua palavra era lei – uma ordem a ser cumprida sem questionamento. Acontece que, um de seus melhores amigos, Dâmocles, vivia afirmando que ele, como tinha o destino do povo em suas mãos,era o homem mais feliz da terra.Cansado de tanto ouvir a mesma conversa, desafiou o seu súdito à vivenciar,por um único dia,todas as regalias de um reinado invejável. Aceita a proposta, Dâmocles, colocou as vestes reais,recebeu o cetro e a coroa de ouro e foi apresentado à todos como o novo monarca.Para consolidar a sua autoridade o novo rei ordenou a preparação de um grande banquete, com a presença dos mais ilustres convidados. Assim foi feito.Durante a belíssima festa Dâmocles foi saborear o vinho da mais antiga safra existente na adega,levou o copo aos lábios,inclinou a cabeça para trás e, como se tivesse visto um fantasma, empalideceu. Ele viu uma brilhante e pontiaguda espada direcionada para a sua testa, segura apenas por um fio de crina de cavalo.Ninguém poderia vê-la,somente quem estivesse sentado no trono real. Enquanto ele tremia de medo,o verdadeiro rei gargalhava a sua frente.
Como sobre um mesmo fato as pessoas podem ter percepções completamente diferentes entendemos que, em vários aspectos, a humanidade caminha sob a “espada de Dâmocles”.), e no espaço - sob o flagelo da expiação.
O chão das igrejas e religiões está surrado pelas marcas de joelhos de homens aterrorizados que clamam por um falso Deus misterioso, suplicando-lhe clemência e misericórdia, e, no entanto, o falso deus em tom mais zombeteiro que o nosso - que vocês chamam de "satânico" -, responde: - Vivam segundo a Minha inabalável lei, ou seja, a lei que homens mesquinhos tentam impor aos vulgos. E esta lei proíbe que vocês se utilizem dos instintos inseridos em suas almas, sendo que a manifestação livre desses instintos chega a ser criminosa por chocar os preconceitos meramente mundanos.
Disciplinem os sentidos de acordo com a massa de conformismo a vocês concedidos pelas igrejas, e viva sua vida só com o que for imprescindível para o movimento universal, que os impele para trás para transformarem-se na farinha celestial da qual se panifica a matéria primeva.
Por que tanto espanto com minhas palavras? Dê uma olhada ao redor e a justeza de minhas palavras ficará patente. Quem conhece o deus da igreja? Quem sabe o que ele é? Normalmente o explicam assim: “É Pai todo-misericordioso, infinitamente bondoso, refúgio de todos os sofredores, protetor dos fracos e deserdados, sempre preocupado com a felicidade de suas criaturas”. É na teoria histórica. Pois na prática basta respirar para sofrer; e todo bom sentimento é punido cruelmente naquilo em que ele se manifesta. Por exemplo, o amor à primeira vista, é o sentimento mais puro do coração humano, mas o que ele proporciona além dos sofrimentos? Uma morte cega e cruel subtrai os seres mais queridos; a doença acorrenta as pessoas ao leito da dor; um destino caprichoso lança na miséria as pessoas mais nobres; a fatalidade persegue os mais puros, causando-lhes sofrimentos que somente podem ser suportados pelo infeliz coração humano.
E para que tudo isso? Para depurá-los; para testar a sua fé na misericórdia de Deus... O que já não foi inventado para testar a fé das criaturas!? Que cruel escárnio! Junto do banquete para ser servido aos eleitos, acomodam-se os deserdados e famintos, permitindo-se que eles admirem, de estômago vazio, como se refestelam os comensais. Mas... ai deles se lhes passar na cabeça a vontade de estender a mão em direção a algum naco de pão. Sobre eles desabará o fogo celestial; uma voz irá vociferar: “Não ouse tocar naquilo que pertence ao seu próximo”! Você é privado do essencial para a sua própria purificação. Você deverá morrer de fome para que a sua fé seja testada. A recompensa aguarda-o no paraíso! Vaga promessa de uma felicidade incompreensível. Com a morte decretada inutilmente devido a toda espécie de provações, um pobre faminto, que furtara um pedaço de pão e fora posto atrás das grades, quebra a cabeça para conseguir entender: por que, gerado com um estômago que exige alimento, é crime contra a Divindade haver pegado o que ninguém lhe dá para a satisfação da primeira necessidade? Por que só os outros têm direito de almoçar e jantar, enquanto ele não tem direito nem ao menos a uma casca amanhecida?
"Não filosofe e se submeta com fé e humildade à sapiência divina, que só lhe deseja o bem" - dizem-lhe. É claro que essas palavras são muito reconfortadoras, mas continuam sem explicar nada da mesma forma. De igual maneira são misteriosas e incompreensíveis às causas de sofrimento dos seres inferiores, pouco desenvolvidos, é claro, não obstante capazes de sentir e entender o sofrimento. Existe alguma sentença de morte que um ser humano, para a satisfação de sua gula, sua preguiça e de sua falsa, mas famigerada sede de saber, não utilize contra esses indefesos seres que não são protegidos nem por céu nem por inferno?
Muitos se esforçam para se vingarem pelas injustiças sofridas, e a Magia não tem melhores aliados como os espíritos que ela invoca e atiça contra os homens mesquinhos. Em função dessa luta, motivada por ódios mortais, nós finalmente triunfamos sobre as forças escravizadoras que nos condenavam ao trabalho escravo e ao sofrimento, atirando-nos, feito uma esmola, nesgas de conhecimento. Não, nós queremos saber tudo, só queremos penetrar no saber da criação e ter a chave do mistério. Se você prega somente à revolta, sofrerá, mas se você quer ser sempre o bonzinho hipócrita, fingir que é o bom samaritano, os céus não lhe atenderão no sofrimento e os demônios devorarão suas entranhas quando lhes pedir ajuda. Esse será o destino dos mornos. 



A existência da contradição é aparente, pois, conforme eu disse antes, nos corações dos aspirantes a nossa Iniciação há tanto bem quanto mal. Essa insegurança, sempre renascente, essa luta entre os dois instintos é justamente o sofrimento que nos legaram com o fito de aprendermos. E por que nós não podemos oferecer proteção aos profanos e prevenir as catástrofes da vida? Quem sofre, entende dos sofrimentos dos outros, principalmente se conhecemos e amamos esses outros. Não importa que eles vão nos enfastiar com as suas gratidões; mas você achará totalmente natural que nós ofereçamos a proteção, essencialmente, para aqueles cujos desejos são mais passionais, para aqueles que são mais audaciosos; pois o nosso exército necessita daqueles cujas vidas foram esmagadas e asfixiadas em suas garras, e que tenham sido suficientemente martirizados e desprezados sem razão, para ficarem com aversão a seus ímpetos magnânimos e a sua aspiração ao céu. Aquilo que vocês chamam de "virtude", "humildade cristã" etc..., ou seja, tudo aquilo que, entoando "aleluia", é suportado sem rancor frente às injustiças e perseguições, nós chamamos de pusilanimidade, que não é respeitada nem na Terra nem no Astral.
Para provar este axioma é possível trazer uma série de exemplos. Os pais que se sacrificam para educar os filhos enchendo-os de mimos, ao educá-los morrem, mutilam-se ou perecem moralmente, enquanto os filhos que são ensinados a viver as aventuras do mundo - florescem, crescem e trazem-lhes alegrias e reconhecimento.

Da mesma forma, uma mulher hipócrita repleta de falsas morais, sobrevive à sombra e na solidão; enquanto uma sacerdotisa de nossa Tradição – inteligente e intuitiva é reverenciada, brilha na primeira fila.

O forte sempre triunfa; ele é invulnerável em sua satisfação mesmo que um tanto egoística. E sempre os fracos são responsabilizados por ele.

Essa hipocrisia social absurda faz com que quando os pais são devassos, quem sofra o castigo sejam os filhos, nascidos de um amor ilegal para a sociedade; sobre esses desaba toda a fúria da falsa virtude moralista afrontada. Os pobres filhos, testemunhas inconvenientes da vergonha, que ousam ainda reivindicar certos direitos, são rejeitados, asfixiados, afogados ou entregues para a "engorda" nas mãos cruéis do destino, onde, na pressa de se ver livre de sua dor, estas pequenas e indefesas vítimas são condenadas para servirem a duas mortes seqüenciais: a do espírito e a do corpo. Ambas as passagens são duras e inúteis nestas condições. Os pais e as mães dos sacrificados permanecem, no entanto, incólumes; continuam a freqüentar a sociedade e são os que mais alto falam em defesa da moral, enquanto esta, indulgente, fecha os olhos para as suas fraquezas.
O assassinato, dizem, é um dos crimes mais odientos. Por que é que então o massacre de milhares de inocentes permanece impune? Terra, dizem também, foi dada a homens para nela se encarnarem, suportarem provações preestabelecidas e se aperfeiçoarem. Mas por que, então, tantos seres são descartados para o mundo invisível onde eles não têm condições de cumprir com esses propósitos, doridos, repletos de fluidos vitais, inúteis para eles?
E, no entanto, asseveram-nos que nada ocorre por acaso e que em cada átomo existe o elo imprescindível ao grandioso "tudo". Mas, pelo visto, essa estranha anomalia não diz respeito a ninguém, e ninguém se apressa em corrigi-la. Isso - asseguram-nos os nossos adversários - são as provações para pais e filhos. Não é nossa tarefa desmenti-los, pois justamente essas provações, mais as encarnações mal sucedidas, têm preenchido as nossas fileiras com os mais rancorosos. E isto é compreensível! Abandonados pelo céu, eles procuram ajuda em nosso meio, enquanto o defensor legal dos destituídos está em algum lugar ao longe... Ele está sempre ausente na hora da necessidade de evitar alguma injustiça ou proteger um inocente... É por isso que os homens não o temem. Eles sabem perfeitamente que podem pecar sem punição e zombam dos tolos que sacrificam as delícias do presente em troca de uma vaga esperança do futuro incerto. O pobre de espírito, de saúde, de amor, de prosperidade, derrama lágrimas amargas no túmulo antecipado de seu filho - enquanto isso, o rico de espírito, de saber, de saúde, de amor é verdadeiramente imortal, cheio de contentamento, sem nada a temer - nem à morte - e ávido da coroa dos magos - está separado do escárnio e da dor moral por um abismo.
Se você pretende vir até nós estudar a essência do bem e do mal, ótimo. Se você chega até nós com vistas de nos vencer com as nossas próprias armas. Tanto faz! Nós resistimos, inclusive, a ataques de adversários bem mais fortes que você. Agora eu lhe responderei, sem vacilar, por que nós lutamos contra as forças muito mais poderosas que as nossas e vencemos. É porque nós não estamos como você no limite do desespero. Nós podemos contar com o poderoso Senhor Portador da Luz. Ele não terá misericórdia de nossos inimigos, semelhante a uma máquina infernal que o arrastará para uma turba enlouquecida.
Se o seu coração e inteligência sempre esbarram no incompreensível, é porque você é parte integrante do desespero o gênero humano. Daqueles que ao invés de respostas, só encontram silêncio e mistérios insondáveis que envolvem o passado e o futuro de toda a criação. E assim vai girando no infinito, os mundos e os seres, sem conhecerem o caminho a seguir.

Só uma coisa é clara: se você é um falso moralista, hipócrita, se você é um corrupto, você é governado por duas forças terríveis. Uma delas o empurra para frente e a outra - o detém e impedindo o seu retorno à sede. Ao encontro dessas forças, você se debaterá inutilmente e no final engrossará o exército de demônios que nos assistem e nos servem. 

No intermédio entre a ordem e o caos nós vemos o objetivo final da dança da vida e ficamos de posse da chave do enigma, antes de atravessarmos a ígnea barreira límpida que nos oculta os grandes mistérios da existência. Talvez esse santuário seja inacessível para todos, mas nossos esforços serão coroados para edição de uma nova lei, quando então ficaremos cercados por um exército de átomos claros, um exército de sabedoria, por virtudes de poder e beleza de perfeição ilimitada, e nos tornamos senhores daqueles muros fulgurantes que nos separam para sempre do mundo com o qual estamos ligados com todas as fibras do coração.
Os lábios dos arcanjos estão cerrados pelo grandioso selo dos mistérios; o silêncio é o seu poder. Mas quem poderá nos provar que esses seres límpidos não estejam arrependidos por terem vencido todas as suas fraquezas, que emocionam o coração imperfeito de humanos? Não seria essa a lenda do Arcanjo Caído? A alma aparentemente límpida é estúpida e vazia, pois está, perdendo o hábito de chorar, amar, sentir as alegrias e penalizar-se por aqueles que sofrem. Com um olhar apático, ela observa as duras provações daquele que outrora amou. Egoísta ela não tem outro interesse além da qualidade da luz ou da falsa bem-aventurança da paz infinita.
Mas, se por um lado nos é difícil descortinar os mistérios que nos cercam, podemos tentar impedir o movimento descendente dos espíritos. Quem é que está em condições de garantir que nós não seremos o fiel da balança na hora da transição dos Aeons? Que tipo de tempestade será desencadeada? Que tipo de mudanças ocorrerão por conta da alteração do equilíbrio? Quem, no fim das contas, irá governar o Universo?! Você quer fugir? E para onde? Aonde você vai se esconder das verdades amargas que eu disse? Em vez de correr do mal é melhor aprender a governá-lo, não no intuito de vencê-lo, mas para fazê-lo seu aliado e impedir que a odiosa e cruel força o impila para trás. Se você fraquejar e a sua alma tola for buscar a luz nas convenções retrógradas da religiosidade humana, você será arrastado pelos cabelos para o abismo, e cada degrau que cair martirizará o seu corpo e a alma, e os demônios o trarão ensangüentados e dilacerados aos pés do Mestre das Trevas.

Olhe agora para o céu noturno. Lá, no meio de centenas de milhões de vias lácteas, reinam as energias criadoras e destruidoras, entrelaçados num eterno romance astral (como diria Raul Seixas). Mas naquele redemoinho celestial se você não se emancipar se transformará, no máximo numa mola, num fio elétrico a mais da máquina criadora, sem preservar sua individualidade e a consciência de si: você deixará de odiar e amar, e fará parte da rotação universal, "perfeito e imperfeito" e "feliz e infeliz", pois de você não sobrará nada além do vazio, que substituirá o seu coração morto...
Que esse meu discurso o domine com tal força, que se diante de você aparecer os mentirosos oferecendo as portas do céu que lhes serão abertas, você instintivamente recuará, duvidando da falsa luz diante de seus olhos sem nenhuma empolgação.
Tudo que as religiões opressoras dizem é falso, e quando é verdade, geralmente é enfocado sob um falso ponto de vista. Eles não querem admitir que para a alma - já que ela é imortal - seria insuportável permanecer estática num único lugar por toda a eternidade, e que as transformações, por mais que elas sejam difíceis, possuem um grande objetivo inevitável.

As perspectivas das falsas religiões abominam o ser humano poder se tornar uma das molas propulsoras da perfeição, que deve sempre constituir-se, entretanto, num ideal que qualquer espírito deve almejar. Livrar-se para sempre de dúvidas que atormentam, de sentimentos mesquinhos e de impulsos ilógicos, para abraçar toda a humanidade num sentimento de liberdade e amor puro e harmônico, desprovido de qualquer interesse pessoal, mas que ao mesmo tempo deve ser uma felicidade completa com as alegrias terrenas, pois afinal aqui estamos. Além disso, por acaso, a sensação da consciência saciada em ter alcançado a totalidade do ser e compreendido a origem e a finalidade de todo ser existente fará toda diferença. Os deuses valem a pena serem alcançados, da mesma forma, para compreender e vencer o mal é necessário estudá-lo. As legiões das trevas são numerosas e poderosas, todos esses espíritos vêem no sofrimento uma injustiça, e, esperam por meio da difusão do seu saber, deter a inexorável dor da existência.
Para vencer esse exército de cegos que permeia a humanidade, nós devemos estudar o mal; e sabermos utilizá-lo, e para nos elevarmos até a luz, a qual, apesar de todos os obstáculos, nos arrasta a ela, feito uma mariposa à lâmpada. Nós fomos feitos de luz e nela nos transformaremos de novo. Nenhuma escuridão pode se misturar com a origem ancestral da pureza luciferiana perfeita.
É possível que alguma imundície se grude a ela, mas chegará à hora que esta mácula se soltará e se transformará em cinzas, e de seu bojo fulgirá uma luz ofuscante, que representa a essência de nosso ser, uma herança eterna de nosso verdadeiro lar. E a este lar nós retornaremos, apesar de todas as provações no infinito caminho através de todos os reinos da natureza; superando todos os sofrimentos e amarguras passadas, para depois gozar de paz, a bonança, o amor e harmonia perfeita.

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Dragões Elementais

Para os alquimistas, os dragões eram seres dotados de dons mágicos, representando seres divinos, superiores. Suas dimensões mágicas, os credenciam para que eles possam realizar encantos e magias a partir do domínio dos 4 elementos naturais: terra, fogo, água e ar. Nesse sentido, dominando os 4 elementos, os dragões foram agrupados de acordo com eles, tendo capacidades específicas e peculiaridades próprias que os distinguiam entre si.



♦ O Dragão do Ar ou alado é representado pelo "mercúrio dos sábios". Sua característica está voltado para o estado volátil, flexível, onde os seus pontos fortes estão na sua força, inteligência, agilidade de pensamento, liberdade, psique desenvolvida e elevação espiritual. Cores simbólicas: Amarelos e dourados. 



♦ O Dragão do Fogo ou ígnea, vulgarmente conhecido como "cuspidor de fogo" é representado pelo "enxofre dos sábios". Sua característica está voltada para a calcinação¹, o uso da sua força radiante e da energia de autocombustão que cria e destrói. Simbolicamente, a sua injeção de labareda está associada a sua intuição e vontade espiritual. É um ser bastante espiritualizado. Cores simbólicas: Vermelhos e cores quentes.



♦ O Dragão da Água ou aquático é representado pelo "sal harmônico". Sua característica está voltada a sua força fluente e a dissolução da matéria. Este dragão apresenta emoções superiores, baseada na alma, onde o seu inconsciente individual é usado como força de conhecimento. Cores Simbólicas: Azuis e verdes azulados.



♦ O Dragão da Terra ou terrestre é representado pelo "chumbo dos sábios" ou "negrume"². Sua característica está voltada para a força de coesão, a matéria e o corpo físico do alquimísta, elementos essencialmente da terra. Cores simbólicas: Marrons e suas variações.

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

A GENTE SE ACOSTUMA, MAS NÃO DEVERIA ....

A gente se acostuma a morar em apartamentos de fundos e não ter outra vista que não as janelas ao redor. E porque não tem outra vista, logo se acostuma a não olhar para fora. E porque não olha pra fora, logo se acostuma a não abrir de todo as cortinas. E porque não abre as cortinas, logo se acostuma a acender mais cedo a luz. E à medida que se acostuma, esquece o sol, esquece o ar, esquece a amplidão.

A gente se acostuma a acordar de manhã, sobressaltado porque está na hora. A tomar café correndo porque está atrasado. A ler o Jornal no ônibus porque não pode perder o tempo de viagem. A comer sanduíches porque não dá para almoçar. A sair do trabalho porque já é noite. A cochilar no ônibus porque está cansado. A deitar cedo e dormir pesado sem ter vivido o dia.

A gente se acostuma a abrir o jornal e a ler sobre a guerra. E aceitando a guerra aceita os mortos e que haja números para os mortos. E aceitando os números, aceita não acreditar nas negociações de paz. E não aceitando as negociações de paz aceita ler todo dia, de guerra, dos números, da longa duração.

A gente se acostuma a esperar o dia inteiro e ouvir no telefone: hoje não posso ir. A sorrir para as pessoas sem receber um sorriso de volta. A ser ignorado quando precisava tanto ser visto.

A gente se acostuma a andar na rua e ver cartazes. A abrir as revistas e ver anúncios, a ligar a televisão e assistir comerciais. A ir ao cinema e engolir publicidade. A ser instigado, conduzido, desnorteado, lançado na infindável catarata dos produtos.

A gente se acostuma a pagar por tudo o que deseja e o que necessita. E a lutar por ganhar o dinheiro com que paga. E a ganhar menos do que precisa. E a fazer fila para pagar. E a pagar mais do que as coisas valem. E a saber que cada vez pagará mais. E a procurar mais trabalho, para ganhar mais dinheiro, para ter com que pagar nas filas em que se cobra.

A gente se acostuma à poluição. À luz artificial de ligeiro tremor. Ao choque que os olhos levam na luz natural. Às bactérias da água potável, à contaminação da água do mar, à lenta morte dos rios. Se acostuma a não ouvir passarinhos, a não ter galos na madrugada, a temer a hidrofobia dos cães, a não colher fruta do pé, a não ter sequer uma planta.

A gente se acostuma a coisas demais, para não sofrer. Em doses pequenas, tentando não perceber, vai afastando uma dor aqui, um ressentimento ali, uma revolta acolá. Se o cinema está cheio, a gente senta na primeira fila e torce um pouco o pescoço. Se a praia está contaminada, a gente molha só o pé e sua o resto do corpo.. Se o trabalho está duro, a gente se consola pensando no fim de semana. E se no fim de semana não há muito o que fazer, a gente vai dormir cedo e ainda fica satisfeito porque tem sempre sono atrasado.

A gente se acostuma para não ralar na aspereza, para preservar a pele. Se acostuma para evitar feridas, sangramentos, para esquivar-se da faca e da baioneta, para poupar o peito. A gente se acostuma para poupar a vida. Que aos poucos se gasta, e que de tanto acostumar, se perde de si mesmo. 

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

 A ciência moderna avançou tanto que atingiu o limiar do ocultismo. Sabemos hoje em dia que a aparência material das coisas é pura aparência; que a solidez das substâncias físicas é uma ilusão dos nossos sentidos. Um bloco de granito é um conjunto de partículas elétricas de diferentes cargas, movendo-se em órbitas complexas em volta umas das outras: se fosse possível anular o sistema de forças que as mantém separadas, as partículas do bloco de granito poderiam ser comprimidas em um volume menor que o da cabeça de um alfinete (conservando, é claro, o mesmo peso). Uma parede de aço impenetrável não é, realmente, impenetrável: se pudéssemos neutralizar a carga de nossos corpos, passaríamos através do aço com a mesma facilidade com que a
água escorre através dos buracos de uma peneira. Nossos próprios corpos não são mais que universos em miniatura. As partículas de que se compõe nossa vida estão enfeixadas num sistema de órbitas incrivelmente complexo que nadam num campo magnético. Ocultistas falam do plano
astral, do plano emocional, do plano mental, do plano etérico. Tudo isso nada mais é que campos de energia vibrando em velocidades diversas, todos se interpenetrando e se concentrando em focos infinitesimais que, para os nossos sentidos grosseiros, aparecem como a carne “sólida” de que somos compostos. O assim chamado materialismo científico nunca existiu. Não há diferença entre a matéria e a energia, e aquilo a que chamamos “morte” é apenas uma das modificações do infinito oceano da vida.
Nesse aspecto invisível das coisas (invisível para os nossos sentidos), por enquanto difícil de pesquisar ate´para os nossos mais precisos instrumentos científicos, ocorrem continuamente fenômenos de que não nos tornamos imediatamente conscientes, mas que no entanto podem produzir ecos naquilo que convencionamos chamar de “matéria”. Há seres compostos de energia mais sutil que aquelas que impressiona as nossas mentes através dos sentidos físicos: seres que deslizam numa gama vibratória tal como peixes nadam no oceano. Há, também, homens e mulheres cujas mentes foram especialmente treinadas, ou que possuem de nascença uma aptidão especial para entrar nesse oceano invisível de energia de uma maneira análoga àquela em que um mergulhador imita os peixes no mar físico. E há também ocasiões em que, assim como no mar físico um maremoto ocorre, ou um dique sobrecarregado arrebenta, as energias sutis invadem nossa consciência física e impregnam, inundam nossas vidas.
Há quatro condições principais sob as quais o véu que nos separa do Invisível pode ser rompido involuntariamente. Primeiro, há lugares na superfície da terra em que as forças astrais se concentram em massa. (Isto é, na maior parte das vezes, o resultado de uma combinação acidental entre certas estruturas geológicas e certas correntes do magnetismo terrestre; mas com igual freqüência, tais locais são utilizados, precisamente em virtude dessas características, como templos por diversas, e às vezes sucessivas, religiões, e isto resulta em um desses Portais raros, mas essencialmente naturais, entre o mundo material e o Invisível).
Segundo, podemos entrar em contato acidental com pessoas que estão, consciente ou inconsciente, lidando com essas forças. Esta, aliás, é a forma mais comum de “ataque” oculto: a que tem origem na ignorância ou na imprudência dos nossos semelhantes. Raramente tais situações são propositais, raramente a agressão é deliberada. Um carro pode derrapar e matar um transeunte: seria injusto chamar o motorista de assassino. Podemos dar a mão a uma pessoa, e nesse instante mesmo a pessoa pode tocar, acidentalmente, num fio elétrico exposto: será justo acusarmos essa
pessoa do choque que através dela recebemos? É necessário sempre que evitemos automaticamente suspeitar de malignidade deliberada atrás de um “ataque” astral: a pessoa de quem a agressão parece emanar pode não tê-la originado; a agressão mesma pode ser o produto de um infeliz acaso. Por esta e outras razões (que exporemos mais tarde), não devemos jamais reagir a um ataque oculto com outro ataque: só é possível controlar uma força eficientemente se nos elevarmos acima do plano em que ela se manifesta.
Terceiro, nosso interesse em fenômenos ocultas pode nos levar a situações imprevistas em que nos tornamos, nós mesmos, o tipo de pessoa que mencionamos no parágrafo anterior.
Outro dos motivos por que escrevemos este livro foi para prover os inexperientes com alguns dados elementares de segurança. Se entramos em contato com forças sutis sem respeitar as leis que regem a sua ação, o resultado poderá ser desastroso, no senso em que desrespeitar qualquer fenômeno natural pode ser desastroso, sem que, em si mesmas, as forças de que nos tornamos vítimas estivessem procurando nos atacar. Por exemplo, se invadirmos o território de um leão selvagem sem tomarmos as precauções necessárias, é bem possível que o animal nos ataque e nos destrua; mas não será justo dizermos que o leão nos odeia pessoalmente, e que deseja prejudicar-nos. Afinal de contar, não é ele o invasor, nós somos.
Finalmente, há certas condições patológicas do corpo humano que produzem um enfraquecimento do véu que normalmente nos separa do Invisível, com o resultado de que as forças sutis invadem o nosso sistema nervoso.
Qualquer que seja a origem de um “ataque” oculto, um sentimento de medo sem causa consciente, e uma sensação de opressão e peso emocional ou moral são freqüentemente os primeiros sintomas. À medida que a situação progride, começa-se a sentir exaustão nervosa. Em certos casos, os tecidos corporais gradualmente se desgastam até que a pessoa se torna praticamente pele e osso, e jaz de cama o tempo todo, sentindo-se demasiado fraca para se mover. Esta última fase é, felizmente, muito rara. Caso medidas apropriadas não sejam tomadas, a deterioração progride até a morte física. Quase sempre o ataque é perpetrado por um vampiro.
Logo criarei uma página no meu blog explicando sobre o que são os verdadeiros Vampiros.

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

A Brecha

Abre-se a brecha:

É impressionante como são as coisas.
Eu não posso realmente provar nada pra ninguém. Eu sou o que eu sou independente de você acreditar ou não no que eu sou. Sempre fui. E nunca vou deixar de ser. Eu tenho visto realmente coisas muito ruins nessa natureza da qual eu estou preso por falta total de opção. Mas eu, aqui dentro, EU, sou uma luz. E essa luz, ela vai brilhar, indepedentemente de qualquer coisa que possa acontecer.
E eu encontro o que eu tenho que encontrar no caminho. Quem eu tenho que encontrar, a outra parte dessa luz. Quando essa luz passa a se encaixar em mim, no que eu sou, toda a Responsabilidade que eu tenho, e que essa outra parte também assumiu, passa a caminhar de acordo com a Vontade Icogniscível. Até aqui tudo bem. Porque eu já provei pra luz que se encaixa em mim que eu sou o Homem do Ovo. E que ela é a Mulher.
Agora, se você não acredita apenas por um equívoco, ou por uma pedra pequena no meio do caminho, que eu não devo me encaixar em você, ainda assim eu não vou perder nada. Eu vou continuar sendo. Sempre fui e sempre vou ser.
Eu me abri porque tinha que me abrir. Eu amei, porque tinha que amar. Eu senti, porque tinha que sentir. Mas o amor é egoísta. E quando ele é egoísta ele é o falso amor. Porque o que pode ser considerado como amor verdadeiro é a fusão, junção, de dois sentimentos exatamente iguais, que uma pessoa tem pela outra e vice-versa. Qual é a formula da felicidade? E estar do lado de quem faz você se sentir bem simplesmente pelo fato de estar ali do seu lado. Nada precisa ser dito, nada precisa ser provado, nada precisa ser adquirido. Apenas  apreciado, sentido e compartilhado. Ai sim, é o amor. O verdadeiro amor.

Mas eu percebi que, por falta de entendimento uma das duas partes não acredita que esses dois sentimentos exatamente iguais possam surgir. Eu falo por mim: Nunca deixei de sentir. Nunca deixei de acreditar. Nem antes e nem agora. Muito menos agora. Mas será que a outra parte dessa luz, que sente esse sentimento e procura anestesia-lo por falta de certeza, pode um dia perceber isso?
É por isso que falo do Tempo. E espero que ele seja colaborador porque eu, mais do que ninguém, poderia ser amigo dele. Eu ando com ele por ai, de casa em casa, de porta em porta. Aguentando dores das quais ele me trás e as vezes leva de mim apenas porque confio que el sabe o que faz. E eu não tenho nada, nada mais além do Tempo. A única coisa que não morre em mim é o Tempo. Às vezes você já se perguntou pra que tanto tempo? Às vezes você já parou pra pensar porque ter que sentir tanta dor? Eu tenho, pessoalmente e individualmente, essa resposta. Mas só posso respondê-la por mim mesmo: Eu preciso sentir. Eu preciso aprender para depois ensinar. Então a dor passa a ser Canalizada por mim, o único que pode suportá-la. Isso é heroísmo? Não sei. Só sei que todos os heróis caem. E a queda é bem alta.
E naquele momento da queda, em que suas pernas foram esticadas até onde o limite possa alcançar para depois serem puxadas para baixo onde você tem que entrar no casulo, a única coisa que você pode fazer é rir, gargalhar, porque o som desse sorriso é funciona como uma arma, um catalizador, um escudo e um remédio. Sorrir é fácil demais quando você nasceu pra isso, rir é fácil demais quando você nasceu pra isso. O difícil é encarar que por trás dessa alegria toda, existe a tristeza. E é por isso que eu vim para te encontrar. Por causa da solidão que o Tempo trás para mim. Foi a solidão que me levou a procurar pelo ouro, pelo mais puro e refinado brilho das estrelas. E eu encontrei você. Nada poderia ser melhor. Eu te encontrei, até que em fim te encontrei. Mas o que fazer agora? Depois de uma pedra no caminho? Eu só dependo de você, porque por mim nada está diferente. Nada mudou, nada andou para trás. Tudo continua exatamente no lugar de onde parou. E vai continuar. O que você pode fazer quanto a isso? Pode abrir uma brecha? Eu posso confiar no Tempo? Você consegue confiar em mim? E no Tempo? O que o seu coração esconde que não quer falar? Sou eu. Eu mesmo. Estou aqui, e não há nada que possa mudar isso. Quais as repostas que você vai dar? Apesar de que a resposta para todas essas perguntas é apenas uma, uma frase de 7 letras que só você pode falar, porque eu já falei.

Mas em fim, não se força muito uma coisa e nem se afrouxa muito ela. O correto a se fazer é encontrar o perfeito equilíbrio de tudo isso.

Fecha-se a brecha.

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Como fazer uma Baqueta Mágica (ou Cajado, ou varinha)

A baqueta ( ou cajado), se comparada com os outros instrumentos da ARTE, pode ser considerada, sem sombra de duvida, o mais importante entre eles. Sendo essencialmente um símbolo fálico, o bastão representa a presença e o poder do eu criador e da vontade manifesta do magista. O bastão deve assim ser reto e poderoso, uma figura digna de sua força divina. (Note "E ele regerá as nações com a vara de ferro" Apc 2,27).
A baqueta representa por extensão o equilíbrio mágico pois corresponde, na arvore da vida ao pilar do meio, cuja soma é 463 -- consulte para isso o SEPHER SEPHIROT de A. Crowley. Portanto ela é o caminho que conduz diretamente do reino a coroa e vice versa. Ou seja através dela é que a energia descerá do céu até a terra, pelo fio condutor de cobre que a varinha deveria ter segundo a tradição, como é exposto em algumas clavículas de salomão; o cobre aqui representaria o amor que une os dois pólos imantados e conduz a energia, pois é um metal correspondente a Vênus: a amante. além disto, seria desnecessário dizer que a baqueta é essencialmente dupla assim, tal como a eletricidade tem nos circuitos seu veiculo de atuação a baqueta seria então este veiculo que corresponde ao transmissor da ordem do agente para o objeto.
Esse instrumento deveria confeccionado de um galho perfeitamente reto da amendoeira ou aveleira, galho este cortado da árvore sem entalhamento e sem hesitação de um só golpe com uma faca afiada. Isso deve ser feito antes do nascer do sol e na estação em que a árvore estiver prestes a florescer. O galho deverá ser submetido a um meticuloso procedimento de preparação, sendo despojado de suas folhas e brotos, as ascas removidas e as extremidades aparadas cuidadosamente e os nós aplainados.

Esta forma de aquisição da baqueta, não é a única, mas guarda algo em comum com todas as outras. É demorada, complicada e desafiadora. No final de contas, o mais importante é o exercício e desenvolvimento da vontade submetido a uma forte prova. Nas palavras de Israel Regardie, em A Árvore da Vida:
"O mago que se incomodou a ponto de se levantar duas ou três vezes á meia-noite por seu bastão, negando-se o repouso e sono, terá pelo próprio fato de ter assim agido, se beneficiado consideravelmente no que diz respeito à vontade".
Ou como Eliphas Leví completou em Dogma e ritual da Alta magia:
“O camponês que cada manhã se levanta às duas ou três horas e caminha para longe do conforto de sua cama para colher um ramo da mesma planta antes do nascer do sol, pode realizar inúmeros prodígios simplesmente portando a plana”.

É por isso que uma baqueta comprada ou ganhada de presente não têm qualquer valor para o adepto. Sendo conquistado a duras penas a baqueta passa a representar a palavra, o verbo ativo da vontade direcionada. Só tendo a própria vontade sob controle tem-se controle sobre as vontades alheias e o magista fará isso através da sua baqueta.
Não é a baqueta que deve controlar o mago, mas o contrário. Também não é aconselhável que se perca tempo com brincadeiras inúteis ou com fantasias estilo ocus pocus porque a baqueta, assim como a vontade do operador deve ser considerada no mais absoluto respeito uma vez que é um instrumento de criação, fruto de sua mais forte vontade. Tal como um homem castrado, o magus sem a baqueta nada pode fazer senão destruir.

Por sua importância e valor a tradição sempre defendeu que a baqueta deveria ser a medida de todo o templo. Como está escrito: “Foi me dada uma vara como régua com as palavras: "Eleva-te e mede o templo de Deus, o altar e aqueles que nele adoram.” [Apc 11,1]. Ela deveria, portanto, ser do tamanho do antebraço, do palmo ou da pegada do magista e a partir desta medida básica seriam feitos o altar e dispostos os demais instrumentos ao redor do mesmo.
Mas todos estes detalhes técnicos só estão aqui colocados com o fito único de expor de maneira sucinta a proporção da importância deste instrumento e o poder que ele representa dentro do circulo. E assim o magista poderá conhecer a arte da baqueta com a qual fará as invocações e comandará os espíritos conforme o maestro rege sua orquestra.

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Mitra, Jesus Cristo, o Natal, o Sol e etc.

Nasceu numa manjedoura no dia 25 de dezembro e foi venerado por humildes pastores
Celebrou uma Santa Ceia, junto com 12 discípulos, antes de voltar para a casa do Pai
Ascendeu ao Céu de onde prometeu voltar no fim dos tempos para o Juízo Final
Garantiu a vida eterna a quem se batizasse.


Estas são apenas algumas das peculiaridades do deus Mitra, cujo culto, começado na Pérsia não menos de 4000 anos atrás, difundiu-se em todo o território do Império Romano chegando a ser uma das religiões mais bem sucedidas (mais popular que o próprio cristianismo ) durante quase quatro séculos seguidos.
Como atestam os antigos textos em sânscrito ( 1400 a.C. ), na religião dos antigos Persas, Mitra (ou Mithras da palavra mihr, sol) era considerado um anjo inferior a Ormuzd, o Ser Supremo, mas superior ao deus Sol. Durante o período védico do hinduísmo Mitra (associado a Varuna) era o deus da criação, da ordem universal e da amizade. Os Magos afirmavam que existia uma Trindade formada por Mitra (que era o Sol Dominus Invictus dos Romanos), Ormuzd e Ahriman.
Mitra era onissapiente ( que sabe tudo ), inimigo da escuridade e do mal, deus das vitórias militares. Protetor dos justos, agia como mediador entre a humanidade e o Ser Supremo. Ele encarnou-se para viver entre os homens e enfim morreu para que todos fossem salvos. Os fiéis comemoravam a sua ressurreição durante cerimônias onde eram proferidas as palavras:

"
Aquele que não irá comer o meu corpo e beber o meu sangue, assim que ele seja em mim e eu nele, não será salvo"

O mitraísmo que entrou no Império Romano era uma mistura de mitraísmo persa, astrologia babilônica e mistérios gregos. Os primeiros contatos entre o mundo romano e mitraístas persas datam do I século antes de Cristo, como atesta uma epígrafe de Antíoco I de Comagene (69-34 a.C.) encontrada na Ásia Menor. Sabe-se, também, que adoradores de Mitra já existiam em Roma na época de Pompeu (67 a.C.) quando, de acordo com o historiador Plutarco, tropas desse triúnviro (Magistrado romano incumbido, com mais dois colegas, de uma parte da administração pública.) descobriram os "rituais secretos" de prisioneiros capturados na Cilícia (a terra de São Paulo).
Entretanto os restos mais antigos do culto de Mitra no território do Império Romano foram encontrados na cidade de Carnuntum ( próxima do Rio Danúbio ). Uma legião romana, a XV Apollinaris, foi enviada de Carnuntum à Ásia para combater contra Judeus e Persas e, quando regressou, construiu um templo consagrado a Mitra.
Em Roma surgiram mais de 700 templos dedicados a esse novo deus e mais ainda na cidade de Óstia. Todavia o culto foi oficialmente aceito no Império só a partir do fim do segundo século e alcançou o apogeu de sua popularidade no terceiro século da nossa era. Da mesma forma que os cristãos, entre os fâmulos ( criado, servidor ) de Mitra não tinha discriminação social mas, enquanto os primeiros pertenciam principalmente à pequena burguesia urbana, o mitraísmo era essencialmente difuso entre três classes: os mercantes, os escravos e os militares. Como os soldados eram destacados ao longo das compridas fronteiras imperiais, restos desse antigo culto foram encontrados em abundância onde existiam guarnições e fortes romanos.

O culto de Mitra era uma religião misteriosa e simbólica; as mulheres ficavam excluídas das formas exteriores e regulares da liturgia. Muitos elementos de sua organização lembram os da moderna Maçonaria.
A história de Mitra principia com o Demiurgo (Ahriman) oprimindo a humanidade. Apiedado, Mitra encarnou-se no dia 25 de dezembro, data que na antiguidade correspondia ao solstício de inverno.
Ele nasceu de uma rocha e pregou numa caverna (também Jesus veio ao mundo numa gruta), porém, segundo a mitologia persa, Mitra fora gerado por uma virgem denominada "Mãe de Deus".

Durante sua vida terrena Mitra manteve-se casto, pregou a irmandade universal e operou inúmeros milagres. Outrossim, o acontecimento mais marcante foi a luta simbólica de Mitra contra o touro sagrado (ou touro equinocial) que ele derrotou e sacrificou (tauroctonia) em prol da humanidade.

Todavia, como nos antigos textos persas o próprio Mitra era o touro, a tauroctonia adquire o dúplice significado de vitória sobre o mundo terreno e de auto-sacrifício da divindade a fim de redimir o gênero humano de seus pecados.
São Justino Mártir atesta que existia uma eucaristia de Mitra onde os fiéis compartilhavam pequenos pães redondos e água consagrada simbolizando, respectivamente, a carne e o sangue do deus encarnado (seria um tipo de ostia ou Hostia).
Este ritual, que ocorria aos domingos (dia da semana consagrado ao Sol), era chamado Myazda e correspondia exatamente à missa dos cristãos. Mitra não morria fisicamente, mas apenas simbolicamente e, como divindade solar, ressuscitava todo ano. Cumprida a missão terrena, ele jantava pela derradeira vez com seus discípulos e subia ao Céu. Seus adeptos tinham que jejuar freqüentemente e, após terem recebido um marco na testa (no nível Miles, soldados), passavam a ser chamados "Soldados de Mitra". Surpreendentemente a própria Igreija cristã incorporou boa parte das práticas mitraístas como a liturgia do batismo, da crisma, da eucaristia, da páscoa, e a utilização do incenso, das velas, dos sinos, etc. Até as vestimentas usadas pelo clero católico eram extremamente parecidas com as dos sacerdotes de Mitra, como a tiara e a mitra, barretes usados pelos antigos persas.